Estudo total (acesso livre) em:
Google Docs Análise por Inteligência Artificial das Carreiras da Carris (Lisboa)
Resumo Executivo: A Vizinhos em Lisboa realizou uma leitura técnica do mapa “Bus & Tram Map (Carris) by Day”, disponível no site da Carris Lisboa, complementada com análise automática de dados GTFS em horas de ponta. O processamento foi efetuado por aplicações geradas com o modelo ChatGPT 5.0 a partir do próprio PDF e de dados públicos GTFS, produzindo saídas em CSV, GeoJSON e HTML. O objetivo foi identificar pontos e corredores com maior irregularidade de serviço, sobreposições de linhas e ausência de passagens em períodos críticos.
A análise abrangeu 174 linhas e 2 344 paragens, nos períodos 07:00–10:00 e 17:00–20:00. Verificaram-se 19 paragens com zero passagens de manhã e 22 ao final do dia, situação que exige auditoria operacional e de qualidade de dados para distinguir paragens desativadas, erros de mapeamento ou falhas reais de serviço. Os resultados confirmam uma rede historicamente centrada no miolo da cidade, com forte redundância em eixos centrais e menor robustez nos quadrantes norte e oriente, onde residem grandes contingentes populacionais.
Os corredores com maior intensidade e sobreposição concentram-se em Marquês–Rossio–Almirante Reis, Ceuta–Alcântara–Santos–Cais do Sodré, e Av. da Índia entre Belém e Algés. Também se destacam Campo Grande–Alvalade–Areeiro–Alameda e Benfica–Sete Rios–Campolide. Em termos operacionais, isto traduz-se em perdas de regularidade, fenómenos de “comboio de autocarros” e velocidades médias baixas, apesar de uma cobertura territorial extensa.
Com base no diagnóstico, propõem-se medidas de curto prazo e baixo custo: coordenação horária entre linhas sobrepostas com offsets sistemáticos de 2 a 3 minutos para reduzir irregularidade; criação de short-turns nas linhas com headways medianos mais elevados para encurtar ciclos e aumentar a frequência percebida; correção do inventário GTFS, removendo paragens fantasma e alinhando horários publicados com a operação real; e publicação regular de indicadores de headway e velocidade por corredor para reforçar transparência e escrutínio público.
Para os eixos de maior prioridade recomenda-se a montagem de um anel contínuo de prioridade BUS com gestão semafórica coordenada e detetores de aproximação GPS, começando em Ceuta–Alcântara–Santos–Cais do Sodré, seguindo por Marquês–Rossio–Almirante Reis–Areeiro e pela Av. da Índia entre Belém e Algés. Em vias largas como Campo Grande–Alvalade–Areeiro–Alameda é tecnicamente viável a faixa BUS reversível nas horas de ponta. Estas soluções são compatíveis com o quadro legal de prioridade de transporte público e gestão de tráfego pela CML, não exigindo alterações legislativas.
As simulações indicam ganhos plausíveis sem aumento de frota: até mais 12 a 15 por cento de velocidade média nos principais eixos com faixas BUS e prioridade semafórica, menos 25 por cento de irregularidade com coordenação de partidas e uma poupança operacional de 5 a 10 por cento com a racionalização de rotas redundantes. O efeito líquido para o passageiro é maior previsibilidade, menor tempo de espera e ligações mais fiáveis entre bairros.
Conclusão: Lisboa dispõe de margem para melhorar a rede diurna da Carris com medidas de gestão fina e prioridade viária em corredores críticos. A evidência produzida pelos dados GTFS e pela leitura do mapa oficial aponta para uma evolução natural da rede: priorização contínua BUS, coordenação ativa entre linhas sobrepostas, encurtamento tático de percursos e limpeza do inventário público. A implementação faseada destas medidas poderá ser monitorizada trimestralmente com indicadores abertos e verificáveis.
Esta análise e propostas de melhoria foram enviadas à Carris em 04.11.2025.
